domingo, 11 de novembro de 2007




sobre o branco nada tem a dizer.



Escapa-se-lhe por entrelinhas, rasgando-o em azuis. Desses azuis faz caminho, direitinha para casa. Chave à porta, duas voltas no trinco – ninguém antes, ninguém depois. Tombam-se-lhe então, as esquinas em 30 graus, das cores fortes da cozinha mexicana. A panela de pressão que não apita sozinha, o lar que não o faz só de um. Toca a cozinhar, toca a lançar cheiros pelo ar, quem sabe se tão rápido que vá a tempo de os cheirar mesmo antes da chave à porta, quem sabe se tão rápido que vá a tempo do trinco não fechado.

2 comentários:

scarabou disse...

Falar do trigo e não dizer
o joio. Lindíssimo.

piecho disse...

a semântica é um estratagema humano
no som das palavras está o essencial
o nosso ser superior
poético e claro

podemos escrever poesia
porque nos dói a barriga
ou porque nos dói o amor
ou porque o passarinho piou

o que vale
é deitar ao mundo
um som novo em palavras
e deixá-lo a vibrar
partilhado

que vale o que se diz

gosto do que escreves
soa bem