terça-feira, 11 de março de 2008




leonor um dia pediu ao céu
que lhe mandasse um raio
que a fizesse em tantas
quantas fosse.
o céu sorriu.

leonor num dia de chuva
pediu à arvore
que ali a deixasse ficar
apenas por pouco.
a árvore sorriu.

leonor numa noite de tempestade
pediu ao mar que a levasse
que às suas ondas ordenasse
que corressem ao contrário.
o mar sorriu.
o céu também:
“não te divido
que te reino
assim como és.”.

segunda-feira, 10 de março de 2008


é o frio
são os outros
não é ninguém
aqui nesta sala
sou eu
com eles
sou eu
com os meus plurais
são os rostos
que na noite
dos pensamentos
me assustam
são as vozes
que oiço
são os demónios
de quem não falo
é o sorriso do espelho
que mente
são as lágrimas
que são frias
e afinal
é só frio.

quarta-feira, 5 de março de 2008



no princípio era... a palavra
a palavra que nem entra nem sai
saí à rua na esperança de um ar mais leve
"Leve, faça-se leve, menina!" diziam-me
diziam que esta coisa de criar era coisa fácil
"Fácil!" respondi enquanto voava
voava por cima de prédios e árvores
árvores que de cima desenhavam um tapete de picos
picos e baixos que me assolam
assolam-me quando lembro que não sei voar
voar era o que procurava quando saí de casa
"Casa-te que isso passa, minha filha."
filha da mãe da prudência
prudência, conselho e voo rasteiro
rasteiro a cara feia da folha branca
branca que engano e dou-lhe a volta
volta, e que volta tudo ao que era no princípio