sábado, 16 de agosto de 2008



um dia
comi a minha voz
que tinha comido
o meu sorriso
que tinha comido
o meu coração
que tinha comido
o mundo inteiro.


fiquei só
e muda.


livro
de páginas
trocadas
história
trôpega
de pega
errante

vamos brincar
às tragédias
fazer sentido
na desfolhada
meter buchas
e pôr a puta
a brincar
às comédias.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008




chocolate e cigarros
uma colher de chocolate em pó
um cigarro
uma colher
um cigarro
uma colher
um cigarro
“jantar” não rima
nem com chocolate
nem com cigarro
pois então
adeus Judite
que nunca serei
tão perfeita
como tu
não me sustenta
o ar que respiro
gostava de viver
na rua
do teu mundo
na perpendicular
à das pretas
onde o ar
te faz
tão bela.

terça-feira, 12 de agosto de 2008



erva daninha
erva danada
erva danosa
erva denada
erva dolosa
eva merdosa


oiço marulhar de ondas
tão longe quanto impossível de o ser
tão longe de mim que estou
Maria Zé faz sorriso dos meus olhos
que já nada sorri...
faço-me em mim sorrir
já tão longe da verdade
já tão longe de um sorriso ser possível
tão longe quanto me sinto ilha
de todas as intenções.
quem és, que sorris de uma forma que estranho
que tudo em mim estranho
que coisa essa,
única que me é familiar,
a lonjura?

terça-feira, 5 de agosto de 2008




no fundo da malga
em que me (a)fundo
tento encontrar o sentido
das frases feitas
pelas palavras que bóiam
na sopinha de letras.

no fundo
no fundo,
não percebo nada
desta fonética barata
em que me vejo
afundada.


neste princípio básico de actualidade,
onde me

falho

redondamente,

conto
– não em diferido –
a experiência com minutos,
de ter lido nas borras de café

uma

grossa

lágrima.



na soledade das formas escuras
abriu os olhos e fez raiar o dia.
o que lá estava nasceu.
e choveu.