segunda-feira, 31 de dezembro de 2007




espera ao topo
balanço
no vértice dos dias
queda para lá
ou tombo para trás

fica
na segurança
do que já passou
de bom e de mau
saber o que esperar
ou arrisca
salto em comprimento
na grande folha branca
do que de bom e de mau
se pode escrever novo

enfim...
palavras cansadas
em considerações gastas
lugares-comuns
pensamentos banais
angústias entediantes
enfim...
sempre a mesma novidade.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007



hoje temos chá para a ceia
cigarros que ardem sozinhos
folhados passados
maçãs bolorentas
um pingo de leite
incenso da índia
o verão no quarto
o inverno nas mãos
e mais dois gatos.




terça-feira, 4 de dezembro de 2007



leonor nasceu mesmo assim
pronta, feitinha e já grande

leonor contorna o ar
nas suas curvas sensuais
exalando harmonia
na tez que combina
com o pé
o cabelo
e a mala

leonor sorri
os seus dentes imaculados
abraçados pelos lábios
carnudos e rósea
cuspindo ternamente
palavras certas
e ideias consensuais

são grandes e amendoados
os olhos de leonor
emoldurados por pestanas
capazes de desarmar
qualquer coisa tão próxima
do espanto
a uma pergunta estúpida

leonor nasceu mesmo assim
pronta, feitinha e já grande
qualquer coisa tão próxima
do imaginário masculino
da perfeição feminina

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

a janela
as vespas
buscam
o fresco

























a janela
que perto
tão perto duma memória
que guardo nas minhas mãos fechadas
que resguardo deste frio
nas palmas das minhas mãos fechadas
está o Alentejo